2° Ano - PIPA E A FLOR
Oi gente, como
foi um grande sucesso na rotina da primeira semana de aula é bom registrar. Foi
trabalhado o texto: A PIPA E A FLOR de Rubem Alves. Para darmos inicio as
regras da escola e da sala de aula, onde junto aos alunos nós criamos as regras
e cada aluno pode falar sobre cada regra e se concordava ou não. Responsável da
turma professora Edilaine.
A PIPA E A FLOR
Rubem Alves
Era uma vez uma pipa. O menino que a
fez estava alegre e imaginou que a pipa também estaria. Por isso fez nela uma
cara risonha, colando tiras de papel de seda vermelho: dois olhos, um nariz,
uma boca... Ô pipa boa: levinha, travessa, subia alto... Gostava de brincar com
o perigo, vivia zombando dos fios e dos galhos das árvores. - “Vocês não me
pegam, vocês não me pegam...” E enquanto ria sacudia o rabo em desafio. Chegou
até a rasgar o papel, num galho que foi mais rápido, mas o menino consertou,
colando um remendo da mesma cor. Mas aconteceu que num dia, ela estava
começando a subir, correndo de um lado para o outro no vento, olhou para baixo
e viu, lá num quintal, uma flor. Ela já havia visto muitas flores. Só que desta
vez os seus olhos e os olhos da flor se encontraram, e ela sentiu uma coisa
estranha. Não, não era a beleza da flor. Já vira outras, mais belas. Eram os
olhos... Quem não entende pensa
que todos os olhos são parecidos, só diferentes na cor. Mas não é assim. Há
olhos que agradam, acariciam a gente como se fossem mãos. Outros dão medo,
ameaçam, acusam, quando a gente se percebe encarados por eles, dá um arrepio
ruim elo corpo. Tem também os olhos que colam, hipnotizam, enfeitiçam... Ah! Você não sabe o que é enfeitiçar?! Enfeitiçar
é virar a gente pelo avesso: as coisas boas ficam escondidas, não têm permissão
para aparecer; e as coisas ruins começam a sair. Todo mundo é uma mistura de
coisas boas e ruins; às vezes a gente está sorrindo, às vezes a gente está de
cara feia. Mas o enfeitiçado fica sendo uma coisa só... Pois é, o enfeitiçado não pode mais fazer o que ele quer, fica esquecido
de quem ele era... A pipa ficou enfeitiçada. Não mais queria ser pipa.
Só queria ser uma coisa: fazer o que a florzinha quisesse. Ah! Ela era tão
maravilhosa! Que felicidade se pudesse ficar de mãos dadas com ela, pelo resto
dos seus dias... E assim, resolver mudar de
dono. Aproveitando-se de um vento forte, deu um puxão repentino na linha, ela
arrebentou e a pipa foi cair, devagarzinho, ao lado da flor. E deu a sua linha
para ela segurar. Ela segurou forte. Agora, sua linha nas mãos da flor, a pipa
pensou que voar seria muito mais gostoso. Lá de cima conversaria com ela, e ao
voltar lhe contaria estórias para que ela dormisse. E ela pediu: - “Florzinha,
me solta...” E a florzinha soltou. A pipa subiu bem alto e seu coração bateu
feliz. Quando se está lá no alto é bom saber que há alguém esperando, lá
embaixo. Mas a flor, aqui de baixo, percebeu que estava ficando triste. Não,
não é que estivesse triste. Estava ficando com raiva. Que injustiça que a pipa
pudesse voar tão alto, e ela tivesse de ficar plantada no não. E teve inveja da
pipa. Tinha raiva ao ver a felicidade da pipa, longe dela... Tinha raiva quando
via as pipas lá em cima, tagarelando entre si. E ela flor, sozinha, deixada de
fora. - “Se a pipa me amasse de verdade não poderia estar feliz lá em cima,
longe de mim. Ficaria o tempo todo aqui comigo...” E à inveja juntou-se o
ciúme. Inveja é ficar infeliz vendo as coisas bonitas e boas que os outros têm,
e nós não. Ciúme é a dor que dá quando a gente imagina a felicidade do outro,
sem que a gente esteja com ele. E a flor começou a ficar malvada. Ficava
emburrada quando a pipa chegava. Exigia explicações de tudo. E a pipa começou a
ter medo de ficar feliz, pois sabia que isto faria a flor sofrer. E a
flor aos poucos foi encurtando a linha. A pipa não podia mais voar. Via ali do
baixinho, de sobre o quintal (esta essa toda a distância que a flor lhe
permitia voar) as pipas lá em cima... E sua boca foi ficando triste. E percebeu
que já não gostava tanto da flor, como no início... Essa história não terminou.
Está acontecendo bem agora, em algum lugar... E há três jeitos de escrever o
seu fim. Você é que vai escolher
Nenhum comentário:
Postar um comentário